Madalena – teatro das oprimidas
Acontecendo no Brasil, além de Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona, de dezembro de 2009 até maio de 2010, o LABORATÓRIO MADALENA é uma experiência cênica voltada para mulheres empenhadas em investigar as especificidades das opressões enfrentadas pelas mulheres, mesmo as suas próprias alienações, e em atuar para a criação de medidas efetivas que contribuam para a superação dessas opressões e para a igualdade dos gêneros. Contemplado com o Prêmio Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura (Minc/Funarte), o Laboratório Madalena integra a residência artística da diretora italiana Alessandra Vannucci no Projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto¹.
Para apresentar os resultados da experiência, no dia 28 de maio, no Largo da Lapa, Rio de Janeiro, a partir das 15 horas, acontecerá o evento MADALENA OCUPA A LAPA, com apresentação de peças, performances, poesias (Madalena Encena), esculturas, pinturas, instalações (Madalena Expõe), show musical comandado por mulheres (Madalena Canta) e lona de discussão sobre a situação da mulher na sociedade atual (Madalena Debate). O evento é aberto ao público, sem cobrança de ingressos.
A experiência busca percursos de expressões estéticas e narrativas a partir do corpo feminino. Esse corpo que ao longo dos séculos permaneceu escondido, protegido e oprimido pelo corpo masculino, e hoje parece protagonizar, como objeto e sujeito, a ribalta de nossa sociedade midiática. O corpo da mulher despido, exibido, sensual, trivial, reinventado, prostituído, espremido e despedaçado nos outdoors, nas páginas das revistas, nas passarelas da moda e do samba, é o melhor veículo para venda de qualquer produto. É no corpo feminino que se trava hoje, mais do que no masculino, o embate entre os hábitos ancestrais e a defesa dos direitos humanos fundamentais. Essa condição comporta ilusões, feridas, contradições e uma busca urgente de significados.
O ponto de partida para o Laboratório Madalena ocorreu em dezembro de 2009 com duas oficinas, sendo uma delas composta por um grupo de trabalhadoras domésticas nordestinas. A partir de janeiro de 2010, pelo menos quatro laboratórios estão confirmados para ocorrer: no Ceará, Rio de Janeiro, além de Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona. As produções artísticas resultantes (peças, performances, esculturas, pinturas, instalações, poesias etc) circulam localmente, estimulando a discussão pública a respeito das opressões e violência contra o corpo da mulher, mesmo em tempos de revolução de hábitos e vivências e da emancipação da mulher em diversos contextos sociais. Neste momento, todos os homens são convidados a atuar como espect-atores², nos eventos-espetáculos (geralmente um Teatro-Fórum). “Essa participação fundamental para ativação de um diálogo propositivo que busque a transformação da realidade”, afirma a diretora Alessandra Vannucci. Toda a experiência está registrada para o documentário Madalena e será publicada na Revista Metaxis.
As experiências cênicas do Laboratório Madalena estão sendo desenvolvidas por Alessandra Vannucci e Bárbara Santos. Alessandra realiza pesquisa sobre arte e violência contra a mulher, investigando o tema do corpo feminino neste começo de terceiro milênio, suas revoluções, mutações, expectativas, seduções, obsessões e opressões. Bárbara Santos é socióloga e curinga³ do Centro de Teatro do Oprimido, onde coordena o Projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto, possuindo larga experiência na formação de grupos populares no Brasil e na África, além de coordenar de programas de formação.
O Laboratório Madalena é uma iniciativa da diretora Alessandra Vannucci (Prêmio Shell 2006 com “A Descoberta das Américas”, eleito Melhor Espetáculo de 2006 pelo Jornal O Globo; e Prêmio Arlecchino d’Oro 2007 com “Arlecchino all’inferno”) com realização do Centro de Teatro do Oprimido.
Fonte do texto:
http://ctorio.org.br/novosite/o-que-realizamos/projetos/madalena/
Fonte do texto:
http://ctorio.org.br/novosite/o-que-realizamos/projetos/madalena/
3 comentários:
Muito interessante, Tânia!
Gostei da questão colocada no final, a propósito da forma como a mulher é vista. "Tem alternativa?" Claro que tem, é bom que tenha, mas não é um percurso fácil.
Que lindo projeto, Projeto Madalena, Teatro das Oprimidas. Que o lugar da mulher seja maior na beleza, no respeito, no valor. No seu próprio coração, no seu próprio inconsciente. Pois somos gente, somos mulheres, madalenas, marias e tantas mais. Mensagem de vida e de paz!! Belíssima postagem, Tânia, adorei!! Um bom findi, beijos no seu coração ;)
O projeto dessas mulheres é lindíssimo, uma forma de mostrar que as mulheres tem sim que ser dado devido valor!
ótimo final de semana!
Beijinhos a vc!
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