Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.
Manoel de Barros (in: O livro das Ignorãças)
Fonte da imagem: paginasdeensaio.blogspot.com
Não oblitero moscas com palavras.
Uma espécie de canto me ocasiona.
Respeito as oralidades.
Eu escrevo o rumor das palavras.
Não sou sandeu de gramáticas.
Só sei o nada aumentado.
Eu sou culpado de mim.
Vou nunca mais ter nascido em agosto.
No chão de minha voz tem um outono.
Sobre meu rosto vem dormir a noite.
Manoel de Barros (in: O livro das Ignorãças)
Fonte da imagem: Google images.
domingo, 28 de agosto de 2011
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4 comentários:
Muito especial esse poeta e um inventor de significados.
beijos
Ola. Quanto tempo hein, como você esta?? Passa la quando puder, tem novidade no blog. beijos
hola que tal! estuve visitando tu blog y me pareció interesante, Me encantaría enlazar tu blog en los míos y de esta forma ambos nos ayudamos a difundir nuestras páginas. además estoy segura que su blog sería de mucho interés para mis visitantes!.Si puede sírvase a contactarme ariadna143@gmail.com
saludos
Belo poema...muito bem escrito!
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